sexta-feira, 19 de junho de 2015

Assistência Domiciliar a Pacientes após Infarto Agudo do Miocárdio

Assistência Domiciliar a Pacientes após Infarto Agudo do Miocárdio

O paciente após alta médica hospitalar de um Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) necessitará de alguns cuidados específicos que resumidamente gira em torno da mudança do seu estilo de vida e combates aos fatores de risco para um novo evento de IAM.

Daí a importância deste paciente, bem como os seus familiares ter o conhecimento para iniciar esta mudança de comportamento, e adquirirem autonomia para uma tomada de decisão mais consciente e condizente com sua atual realidade e necessidades de saúde.

Abaixo segue os principais cuidados para esta nova fase de vida do paciente após alta médica de um IAM.

Alimentação
A alimentação deverá ser individualizada, de acordo com o perfil do paciente. Preferencialmente,  caso haja necessidade um (a) nutricionista deverá ser consultado.  Procure oferecer a este paciente uma quantidade de calorias diárias que lhe permita atingir um peso adequado. 

Estudos científicos apontam que a ingesta diária de frutas, verduras e legumes, ajuda a prevenir  um  IAM.

Limite  a ingestão de Glossary Link sal, evite os alimentos ricos em colesterol os quais são exclusivamente  de origem animal (derivados do leite com alto teor de gordura, gordura aparente das carnes, gema dos ovos, pele das aves, miúdos, embutidos e certos  frutos do mar). Evite também as gorduras saturadas (frituras)  e as gorduras trans ou hidrogenadas (leia o rótulo de composição do alimento),  que são encontradas em alguns produtos industrializados como molhos, sorvetes, bolos e certos biscoitos.

Procure ingerir peixe, principalmente os ricos em ácido graxos ômega 3 (sardinha, truta, salmão  e bacalhau ), pelo menos duas vezes por semana. Os fitoesteróis  são substâncias antioxidantes  de origem vegetal e, podem ser encontrados em margarinas enriquecidas, que são uma ótima opção para substituir a manteiga ou as margarinas com gorduras hidrogenadas. Procure ingerir alimentos ricos em fibras  (frutas, verduras, legumes e cereais). Derivados de soja, grão integrais, Glossary Link nozes, assim como outros alimentos , apresentam efeitos comprovadamente benéficos sobre as gorduras do sangue e a aterosclerose. 

Os medicamentos
O paciente que sofreu um infarto do miocárdio (IAM) receberá na alta hospitalar, uma receita médica contendo vários medicamentos, estes deverão ser de uso contínuo e jamais deverão ser suspensos sem uma orientação médica. Mesmo após sua melhora clínica o uso é cotidiano, uma vez que estes previnem outras doenças que provoquem o IAM como é o caso dos antiplaquetários, que previnem o acúmulo de gorduras nas paredes das artérias coronárias, que são denominadas de Aterosclerose.

Combate dos fatores de risco 
Estatisticamente 90% dos pacientes que sofreram um IAM, apresentam um ou mais fatores de risco cardiovascular que podem ser modificados. Esses fatores de risco devem ser bombardeados, objetivando evitar novas e futuras complicações, a chamada prevenção secundária.

Os principais fatores de risco  são:
Tabagismo; o objetivo neste fator de risco é a abolição completa da prática de fumar.

Obesidade; a meta obter um índice de massa corporal inferior a 25 kg/m2 e uma circunferência abdominal inferior a 80 cm nas mulheres e 94 cm nos homens, como maneira de controlar é a prática de atividade física e uma alimentação saudável e balanceada.

Dislipidemias (anormalidades do colesterol e frações) a meta é manter o colesterol total inferior a 200mg/dl,  LDL- colesterol ou "colesterol ruim" inferior a 100m/dl ou 70mg/dl em pacientes de muito alto risco, HDL- colesterol ou "colesterol bom" maior que  40 nos homens ou maior que 50 mg/dl nos pacientes diabéticos e nas mulheres , triglicerídeos inferiores a 150 mg/dl.

Diabetes Mellitus; o objetivo é manter uma taxa glicêmica de jejum menor que 120mg/dl.

Hipertensão Arterial; a finalidade é manter pressão arterial em torno de 120/80 mmHg, idealizando uma PA abaixo de 140/100 mmHg.

Sedentarismo; para combater o sedentarismo o ideal é que este paciente faça exercícios físicos aeróbicos leves a moderados, pelo menos três vezes por semana, iniciando com 15 minutos, evoluindo a 30 minutos e a 45 minutos.

Estresse Psicossocial e depressão; melhora do quadro com acompanhamento familiar, psicológico, religioso e se necessário o uso de medicação conforme prescrição médica. 

Teste de Esforço Atenuado 
A solicitação de um teste de esforço, mais leve do que o habitual, poderá ser necessária em 4 a 10 dias após um IAM. Os dados deste exame, juntamente com outros parâmetros clínicos e do ecocardiograma (exame que analisa o coração através de ondas ultrassônicas), serão úteis para classificar os pacientes em baixo, médio e alto risco após a alta hospitalar. Esta classificação é muito útil.

Atividade sexual
Poderá ser reiniciada de 7 a 10 dias após a alta hospitalar naqueles pacientes que sofreram um IAM  sem complicações ou com complicações leves e que estão sem sintomas (pacientes de baixo risco ). Em pacientes de médio risco ou alto risco, o momento da liberação para atividade sexual ficará a critério do médico assistente. O uso de medicações para disfunção erétil deverá ter a prescrição do médico assistente.

Próxima consulta médica
O retorno ao consultório deverá ser estipulado pelo médico assistente, no entanto, a maioria dos pacientes precisará ser reavaliada dentro de no máximo 15 dias.

Retorno ao Trabalho  e as  Atividades Físicas
Os pacientes que sofreram um IAM sem complicações ou com complicações leves e que estão sem sintomas, poderão retornar ao trabalho dentro de duas a quatro semanas. Caso não haja uma contra indicação, as atividades físicas mais intensas poderão ser reintroduzidas também neste período, com caminhadas leves no plano, iniciando com 15 minutos  e aumentando este tempo gradativamente até atingir cerca de uma hora. Pacientes de médio e alto risco deverão ser reavaliados para o retorno ao trabalho e as atividades físicas. 

Exercícios Físicos e Reabilitação Cardíaca
Os exercícios físicos são fundamentais dentro de um programa de reabilitação cardíaca, o qual é obrigatório após o IAM. Esta reabilitação deverá ser iniciada ainda na unidade de terapia intensiva (fase hospitalar) e mantida após a alta hospitalar (fase ambulatorial).

A reabilitação cardíaca engloba um conjunto de medidas  que  permitem uma melhora das condições do sistema cardiovascular, mas também dos fatores de risco para as doenças cardiovasculares (reabilitação cardiometabólica). Em pacientes de médio e alto risco, a reabilitação cardíaca deverá ser supervisionada, ou seja, realizada inicialmente em uma clínica especializada.

Em pacientes de baixo risco, recomenda-se  caminhadas no plano, iniciando com 15 minutos, com incrementos gradativos até atingir uma hora , pelo menos três a cinco vezes por semana.

Atividades Esportivas
Caso não haja contra indicação, num momento oportuno,  recomenda-se a prática de marcha atlética, corrida de pequenas distâncias e tênis em duplas.

Squash, tênis individual, futebol e basquete devem ser evitados. Natação e hidroginástica requerem atenção especial quanto à temperatura da água da piscina, a qual deverá ficar entre 18 e 25 graus. 

Referências

Infarto Aguado do Miocárdio. Disponível em: <http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_frame.asp?cod_noticia=588> Acesso em 16 de Junho de 2015.

Infarto Aguado do Miocárdio: Orientações após alta hospitalar. Disponível em: <http://portaldocoracao.uol.com.br/infarto-do-miocardio/infarto-do-miocardio-orientaces-apos-a-alta-hospitalar> Acesso em 14 de junho de 2015.

Cuidados na alimentação do paciente que sofreu um infarto. Disponível em: <http://www.minhavida.com.br/alimentacao/materias/17787-cuidados-na-alimentacao-do-paciente-que-sofreu-um-infarto> Acesso em 15 de Junho de 2015.

Linha do cuidado do Infarto Agudo do miocárdio na rede de atenção as urgências. Disponível em: < http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/HOSPSUS/protocolo_sindrome_coronariaMS2011.pdf> Acesso em 19 de Junho de 2015.

OLIVEIRA, Larissa Bertacchini; PUSCHEL, Vilanice Alves de Araújo. Conhecimento sobre a doença e mudança de estilo de vida em pessoas pós-infarto. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2013 out/dez;15(4):1026-33. Disponível em: http://dx.doi.org/10.5216/ree.v15i4.18442. doi: 10.5216/ree.v15i4.18442.


Enfº Amarildo Cunha

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Gerenciamento de Riscos Hospitalares

Gerenciamento de Riscos Hospitalares

As instituições hospitalares estão cada vez mais preocupadas em garantir um atendimento de qualidade a seus clientes e colaboradores. Nesse domínio, a segurança do paciente, através do gerenciamento de riscos, tem ganhado evidência com a implantação de medidas de prevenção à exposição aos riscos, bem como aos prejuízos aos clientes e colaboradores decorrentes da assistência à saúde.

O enfermeiro juntamente com sua equipe permanece a maior parte do tempo na unidade de internação e em contato direto com o cliente, portanto esta é parte principal de uma equipe multiprofissional engajados no gerenciamento de riscos. Esta classe também é uma das mais sofre diante deste cenário tendo em vista o contato direto com estes riscos.

Gerenciamento de Riscos em Saúde é a aplicação sistemática e contínua de artifícios, procedimentos, comportamentos e recursos na avaliação de riscos e eventos adversos que afetam a segurança, a saúde humana, a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem institucional.

O gerenciamento de risco na saúde foi introduzida no Brasil em 2001, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), constituindo-se em um programa de qualidade recente na prática dos colaboradores da saúde e largamente debatido na atualidade. Partindo deste princípio, a contínua adoção de novas tecnologias na área da saúde, em especial no âmbito da enfermagem, fez com que as organizações implantassem o gerenciamento de risco, sistematizando, assim, a supervisão dos eventos adversos, com a finalidade de ter maior segurança nas práticas realizadas.

A ANVISA relata que risco é a combinação da possibilidade do acontecimento de um erro e a seriedade deste erro.

Outro conceito fundamental de se entender no gerenciamento de riscos hospitalares é o evento adverso, que compreende um acontecimento que causa ou poderá causar resultados inesperados e/ou indesejados que comprometam a segurança de pacientes, usuários ou profissionais da saúde. Podendo este causar ou contribuir para lesão séria do paciente, progressão trágica da doença e até mesmo o óbito do paciente.

Os riscos existem, uma vez que errar faz parte da natureza humana, porém estes aumentam quando a equipe multiprofissional não está completamente preparada, treinada, devidamente dimensionada ou quando procedimentos, práticas, protocolos, técnicas, rotinas e equipamentos utilizados pelos colaboradores forem inadequados ou complexos.

Quanto às responsabilidades no gerenciamento de riscos em instituições hospitalares, esta é de todos, pois todos os colaboradores têm responsabilidades na prevenção de incidentes e na promoção da segurança.

No gerenciamento de riscos é primordial que todo e qualquer evento adverso seja notificado através de um sistema de notificação confiável, seguro, de fácil acesso e que permita agilidade do processo de notificar, evitando a desmotivação do colaborador de se realizar a notificação, além de permitir a rastreabilidade da informação.

O aprendizado de um erro deve ser incentivado entre a equipe multiprofissional, embora os erros sejam por falha de seguir processos estes devem ser analisados de forma multicausal, sem buscar por culpados. Sua análise dever servir para a busca da melhoria contínua, tendo em vista que a educação continuada é um grande passo para o gerenciamento dos riscos decorrentes da assistência a saúde.

O Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo juntamente com a Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do paciente aponta 10 passos fundamentais para a segurança do paciente:
·         Identificação correta do paciente: Fundamental para garantir a segurança do paciente em qualquer ambiente de cuidado à saúde.
·         Higienização das mãos: Proporcionando um cuidado limpo e seguro, reduzindo assim infecções relacionadas à assistência a saúde.
·         Conexões corretas: É o caso dos pacientes que utilizam sondas e cateteres. Uma conexão errada pode causar graves danos a saúde do paciente e até mesmo levá-lo ao óbito.
·         Cirurgia segura: Através da utilização do check list antes do procedimento cirúrgico. Cada serviço pode elaborar sua lista, esta vai depender do tipo de atendimento e grau de complexidade.
·         Administração segura: De medicamentos, sangue e seus hemocomponentes.
·         Envolver o paciente no seu tratamento: Ele melhor do que qualquer profissional conhece seus sinais e sintomas patológicos, bem como o histórico da sua saúde e da progressão da sua doença.
·         Comunicação efetiva: O paciente recebe atendimento de uma equipe multiprofissional e em diversos setores de um hospital, dessa forma todas as informações devem estar alinhadas a um alto grau de qualidade.
·         Prevenção de queda: Esta avaliação deve ser periódica para cada paciente, possibilitando aos profissionais o desenvolvimento de estratégias para sua prevenção.
·         Segurança na utilização tecnológica: Toda tecnologia é bem vinda à promoção, prevenção e recuperação de doenças, desde que seja utilizada de forma adequada e por profissionais capacitados para o manuseio destas.

Referencias

  • ·    Gestão do risco: Segurança do doente em ambiente hospitalar. RAMOS Susana; TRINDADE Lurdes. Nov/Dez 2011.
  • ·         10 Passos para a Segurança do Paciente. COREN/SP; REBRAENSP. São Paulo, 2010.
  • · Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rede Sentinela. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/
  • ·        KUWABARA, Cleuza Catsue Takeda; ÉVORA, Yolanda Dora Martinez; OLIVEIRA, Márcio Mattos Borges de. Gerenciamento de risco em tecnovigilância: construção e validação de instrumento de avaliação de produto médico-hospitalar. Rev. Latino-Am. Enfermagem. Set/Out 2010.
  • COSTA, Veridiana Tavares; SCHLINDWEIN, Betina Hörner Schlindwein Meirelles; ERDMANN, Alacoque Lorenzini Erdmann. Melhores práticas do enfermeiro gestor no gerenciamento de risco. Set/Out 2013.

Enfº Amarildo Cunha

MBA em Gestão da Saúde e Administração Hospitalar